sábado, 4 de fevereiro de 2017

Os impulsos das paixões

Capítulo XIV

Augusto pediu para deixá-lo ali e ir atrás de socorro, mas não poderia. Daí distante, porém encontramos um mirante, sair tirando força da qual nem imaginava para arrastar Augusto até lá.
A situação não melhorava, entretanto não estávamos perdidos no meio do mato correndo risco de vida. O barulho da chuva o cheiro do mar desabrochava no velho mirante. Augusto parecia sorrir para disfarçar a dor, sabia que o que acontecera era bem mais sério do que parecia dizer.
Fernando chegara no Pic do golfinho de Sancho e tinha duas trilhas para decidir em qual iria seguir. As duas levara ao mirante diferente, uma a sua esquerda e outra à sua frente. Resolveu seguir em frente e em poucos quilômetros nos achara.
Quando menos esperava alguém abre a porta gritando.
O susto de ter alguém gritando se misturava com o alivio de estamos salvos.
O rosto dos dois transluzia algo que não sei explicar, angústia do irmão se transformando em felicidade era algo admirável de observar.
--Como você faz isso comigo, quantas vezes já lhe pedi para parar, porque você tem que viver a vida tão perigosamente. Estou farto de suas aventuras malucas, não vou viver para sempre. Augusto, Augusto...
-- Irmão, irmão, irmão...
-- O que aconteceu com ele???
-- Acho que desmaiou de dor, acredito que tenha torcido feio a perna.
--- Como assim e você não fala nada, deixou eu brigar com meu irmão sofrendo de dor.
--- Você que não parou de falar desde que entrou, nem perguntou se estávamos bem.
-- Calma tenho uma mochila e uma maleta de primeiros socorros no carro, temos que levá-lo para hospital.
Concordo, mas...
A terrível chuva fez cair um raio em uma árvore que caiu próximo do carro e no meio do caminho.
--- Não, não, não, isso não pode estar acontecendo.
--- Calma, tudo vai se resolver, você consegue tirar as coisas do carro?
--- Sim,
--- Cuidado, por favor, vamos imobilizar a perna do seu irmão tentar acordá-lo e tudo irá se resolver.
Com todo cuidado enfaixamos a perna do Augusto que retornou, tinha um analgésico na maleta que tomou para aliviar a dor e adormeceu.
Passada agonia do momento que parecia uma eternidade, Luiz Fernando olhou para mim e disse: Como você está? Desculpa?? Entenda meus irmãos é tudo que tenho, são minha única família, enlouqueço com a ideia de perde-los.
Com desdenho de quem foi abandonada e sem nenhuma piedade, em um ato brutal respondo; não parece porque quem ama cuida.
 Perplexo com minha resposta, Luiz Fernando se aproxima, erguer minha cabeça com uma altivez que vem do coração e diz com lábios trêmulo: Você não entende.
Dentro daquele intervalo de tempo um vento penetrava no mirante que mexia nos seus cabelos molhados e caídos sobre olhos. Desviei o olhar subitamente e me entrelaçando nos seus braços murmurou:
-- Fico feliz por estar bem, não sei o que faria se algo acontecesse a ti.
 E com toda a carne doendo como se um doce ácido a percorresse
Instantaneamente, deslizava sobre mim um martírio de incompreensão, respondi afastando do seu corpo;
--As pessoas são tão ridículas! Cansei desse seu joguinho!
Sabe quem é Mauro? Um futuro namorado que minha família não aceita! Sabe quem é Augusto o meu melhor amigo? E você quem é? Um estranho que pensa que tem domínio sobre mim.
Percebia que ele se encheu de uma cólera que o fazia vermelho e tenso, numa comoção quase perigosa.
Chega!! Basta!! Não temos nada, não quero ser um fantoche em seus braços que você manipula ao seu bem prazer. Não dá mais!! O que queres de mim?
Como um olhar surpreendido Fernando aproximou e...
Estranha criatura, sensível, orgulhosa, tola, difícil de não se apaixonar. Seu olhar negro penetrante, essa sua doçura facial, me faz quere te amar.
Então é isso que pensa de mim???
Chega!!!
Por mais que se percebe em seu olhar uma úmida ternura, tinha raiva por todo aquele teatro que fizera passar. A sensação se misturava. Mauro dizendo eu te amo. Augusto murmurando meu nome em seu momento de dor e sono e Fernando dizendo que estava apaixonado!!
Nunca desejei tanto o raiar do sol.
Ficamos ali. Cada um em um canto do mirante velho. Assim que a chuva passou, Luiz Fernando foi em busca de uma rota de fuga.
Percorremos o caminho de volta agora um pouco mais longo, já que a árvore nos proibia de seguir reto. Chegamos no Pic do golfinho Sancho uma espécie de abrigo e ponto de partida para os passeios turísticos.
Fernando conversou com o segurança que estava ali que consegui algumas roupas e permitiu que trocássemos. Saímos em busca do hospital.
Realmente Augusto teve uma fatura no tornozelo o que impediria de pelas próximas semanas se aventurar.
Chegamos em casa ao amanhecer, todos dormiram, menos tia Kar, que soltou de alegria ao ver-nos chegar bem apesar de tudo.
Disse que não contaria nada do ocorrido para ninguém e que era para disse que Augusto escorregou quando chegou e Fernando levou para hospital.
Assim aconteceu, ninguém soubera de nossa aventura, por mais longa que parecesse e por mais curta que fosse.

Capítulo XV
Era uma linda e calmosa manhã de domingo, já se passara dez dias nesse paraíso de emoções.  Corria um belo tempo; o silêncio monótono cortava a casa. Fazia um grande calor; o clarão do sol abraseava , sentia-se  o sol faiscar nas vidraças, escaldar a pedra da varanda; e Augusto sentia impaciente com aquela situação, o que parecia estar lhe devorando, pois seus olhos fitava o mar com um desejo único e maciço de viver.
Tinha que ficar por muito tempo com a perna mobilizada pois sua torção na verdade rendeu duas faturas no tornozelo que tivera que operar. Entretanto isso não tirava o sorriso dos lábios.
Sussurrou meu nome, quando passei pela varanda do seu quarto. Ao chegar na porta, pediu que se aproximasse.
---- Estou com saudades, sinto falta dos nossos passeios, e conversas, por que se afastastes de mim? Que mal eu fiz a ti? Não me queres mais como amigo?
--- Não é isso, mas sinto-me responsável, você melhor que ninguém sabe que somos responsáveis por aquilo que cativamos. Eu ti cativei, então sou responsável de forma indireta por tudo que ocorreu contigo.
__ Tenho algo importante para falar: sobre aquela noite!
__ Que noite!? Juramos que não íamos mais falar daquele fatalismo episódio...
__ Escute!! Tenho algo que preciso dizer, você precisa saber que naquela noite quando...
Nesse momento como um vendaval Luiz Fernando adentra no quarto arregaçando as vidraças do quarto, abrindo a porta, desmanchando a perfeita harmonia e tranquilidade que havia entre nós. Dizendo que naquela noite recebeu um recado, na qual seu tutor havia falecido e por esse motivo teve que viajar às pressas e que agora como ele era irmão mais velho teria que assumir todo negócio da família e advertiu Augusto com palavras insinuantes e jeitosas, que já era tempo de cuidar da fortuna da família não poderia mais viver de aventuras, que ele deveria optar por fim nos negócios dos pais.
E saindo do quarto disse que ele e seus irmão voltariam naquele dia para casa que as férias tinham acabado.
 Via uma transfiguração no semblante de Augusto que pela primeira concordava com o irmão.
Luiz Fernando chamou as irmãs e Luiz Gustavo disse que seu tutor falecerá e que todos tinham que votar para casa e que era hora de arrumar as malas, pois estavam partindo naquela tarde.
Conversando com Tia Kar percebia que estava transtornado. Disse que ia resolver algo da viajem e pediu que ela fizesse sua mala.
Naquele momento, despertei do meu sono, o sonho havia chegado ao fim. Luiz Fernando e Augusto partirá e logo seria eu voltando para casa. Tudo parecia tão intenso que parecia décadas que estávamos juntos.
Perguntei se Tia Kar não queria ajuda, que pediu carinhosamente que ajudasse Augusto com as roupas.
Fiquei parada na porta sorrindo...
__ Estou com a perna ferida não as mãos.
__ Desculpa, não queria incomodar!!!
__Espera, pode ser que esse seja o nosso último momento não posso deixar passar.
Aproximou-se da porta, pegou minha mão pediu para entrar e fechou a porta.
__ O que tenho para falar é muito importante, temos que ficar a sós.
Suspirou e olhando-me no fundo da minha alma;
___ Desde que meus olhos pousou sobre ti que vivo imensamente um grande amor essas duas semanas ao teu lado, sem se quer suspeitar da minha intensão por algum momento fez me crer que seriamos apenas amigos, contudo naquela noite um suspiro de esperança voltou a brotar após aquele beijo. Nos beijamos tão apaixonados, estava tão entregue nos meus braços que entreguei meu maior patrimônio meu coração.
__Augusto...
__Não fale nada!!! É evidente que meu amor por ti serás invão, terei de sacrificar esse sentimento se quiser tê-la ao meu lado. Estou indo, mas isso não será o fim, tenho muito que lutar, agora nada precisa ter sentido porque você é sopro de vida que ancorou no terreno morto. Há um abismo de sentimentos que pretendo destruir quando voltar.
Agora saia, não quero ouvir suas proposições, e lembre-se; sou aquele que prossegue teimosamente em busca desse amor.
Fique tonta com toda aquela declaração, não esperava, acreditava que era apenas amigos.
Final da tarde se aproximava, era inevitável a casa ficaria mais vazia sem eles, parecia que as férias tinham chegado ao fim.
Luiz Fernando chegava sorridente, avisando aos irmãos que encontrou uma pessoa perfeita para ser tutora dos menores, já que ele e Augusto agora teriam que cuidar dos empreendimentos da família.
Tia Dulce seria a nova tutora e responsável legal dos seus irmãos que já estava de mala prontas.
Todos prontos, abraços, beijos, lágrimas de saudades.
Luiz Fernando aproximou-se e com abraço caloroso disse; quando já tiver partido vai até o pé de cajueiro, lá encontrará uma caixa, na qual tem algo muito importante para ti.
Assim ao cair da tarde, no interior da casa na qual reinava puro silêncio e a perfeita tranquilidade, caminhei com moderação para o quintal. Não se ouvia, nem se divisava nem um som humano, parecia que todos tinham ido com eles.
Em baixo do viçosos e florido cajueiro encontrava-se um caixa de presente que continha uma flor e uma carta.
Ao ler a carta por um segundo sentir a vibração sonora, tom velado e melancólico de Fernando que dizia;
Há esse amor que enlouquece
Que me dá arrepios
Que me faz suspirar
Embriaga com doces afetos
Que me faz delirar.
Esse amor que me sufoca
Prende com olhar
Deixando-me sem saber o que pensar
Se vai ou não querer me amar.?
Tomaste como objeto de puro deleite
Acaricia, com sentimentos inventados
Impõem sua presença com olhar
Me abandona querendo te amar.
Ho! Inquieto amor porque me tratas assim?
Porque me deixa em delírios?
Porque roubaste minha alma?
Tornado escravo na qual o único caminho é
Te amar!!
Desculpas!!
Essa carta quebrava o silêncio, parecia que escutava sua vigorosa voz em uma cantiga pura e suave que fascinava e sufocava meu coração sofredor e minha alma solitária.
Os encantos de Fernando pareciam muito mais gentil e singelo, perfeitamente encantador o seu pedido de desculpas.








Capítulo XVI

No dia seguinte com a partida dos irmãos a casa acordava triste. As meninas não tinham mais por quem suspirar, nem os meninos. Dos poucos que habitavam aquele lindo lugar existia alguém que sempre estava à espreita como uma serpente preste a dá o bote em um dos irmãos. Seu nome era Laura Beatriz, era sobrinha do marido da tia Dulce. Tinha alma aristocrática, era bem vaidosa, mas seu maior defeito era sua índole, maldosa e perversa. Todos sentimos nesses dias o gosto do seu veneno e apesar de sua investida nos irmãos nenhum caiu em sua teia. Apesar da sua incontestável beleza que em alguns momentos Luiz Fernando fazia questão de ressaltar.
Foi Laura Beatriz que trouxe a notícia que um cruzeiro tinha parado na ilha estava recebendo visitação. Foi nesse momento que a casa acordou realmente e uma festividade instaurava pelos cômodos. Todos estavam empolgados com a possibilidade de conhecer o cruzeiro. Alguns diziam que estariam visitando o Titanic.
Subimos os degraus, que conduzia a um grande hotel que se move sobre as águas, no interior, um mundo de serviços e práticas que deveria ser seguida com rigor.
Tinha mais de 300 metros de comprimento, quase 70 metros de altura e 40 metros de largura. É um gigante que singra os mares, cheio de vida.
 A embarcação também conta com programações e opções de lazer para a tripulação nos horários de descanso. Durante o tempo de vigência do contrato, que dura de seis a sete meses, os quase 1.300 tripulantes de 35 nacionalidades diferentes responsáveis pelo funcionamento do navio podem desfrutar de dois bares, uma área de recreação equipada com TV a cabo, computadores, karaokê, jogos de mesas, biblioteca interativa, piscina reservada e academia aberta 24 horas por dia.
Durante o cruzeiro, uma atração diferente a cada dia faz parte da programação de diversão dos hóspedes. Espetáculos de balé, números montados especialmente para o cruzeiro por artistas e bailarinos do Cirque du Soleil, festas e apresentações temáticas comandadas por DJ’s e cantores nacionais e internacionais — como a noite de gala.
Toda essa informação foi repassada para os visitantes. Devo confessar que o Titanic parecia um nada diante do majestoso e imponente MSC Splendida.
Era tudo tão grandioso que alguns detalhes e fundamental passaram despercebidos.
Vagando durante a noite pelas águas claras e tranquilas da praia do cachorro na qual o reflexo da lua prateada se misturava as ondas do mar.
Absolto com meus pensamentos a declaração de Augusto, a Carta de Fernando, a falta de notícia de Mauro, tudo deixava meu coração impaciente.
Ao longe vi um vulto se aproximar, não, não acreditava, não poderia ser, como assim? Minhas retinas tão fadigadas só poderiam está me pregando uma peça.
Como assim ele? Não pode ser! Ele está aqui? Como assim? Não, não, não acredito.
Deveria ser uma ilusão de ótica, um devaneio mental. Não poderia ser ele?






quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Os impulsos das paixões

Capítulo XI


Luiz Fernando estava lá, lindo sentado em uma mesa mais reservada ao me ver levantou e caminhou em minha direção e sussurrou concedi-me essa dança, sendo que já possuía em seus braços. Começamos a dança ele a balbuciar doce palavras.
“Sabia que seus olhos negros dão mais alma, mais luz, do que todas essas tochas espalhadas nesse salão, que nesta noite seu olhar brilha mais que os raios solares. És a mais bela que os meus olhos já avistasse e a mais rara para meu coração, porque seus cabelos são fios de ouro negro e a cor do seu corpo parece um rubor de um belo amanhecer”! Amei tão súbita paixão que, se fora por mim amado e pudesse ser correspondido pediria para beija-la longamente.
Juro que seu modo encantador me desarmou e fiquei vulnerável aos seus encantos como nunca havia ficado e entregue-me ao nosso primeiro e tão aguardado beijo. Beijamos longamente. O doce resfolegar agitava ainda mais um louco desejo ter me nos seus braços. Aquele sorriso cheio de malicia, o encanto do seu perfume, sua pálpebra cerrada no meu olhar tornava-o mais feiticeiro do que nunca.
Quando a música parou, percebemos que estávamos feitos dois bobos no meio do salão saímos a rir da situação. Luiz Fernando disse que iria ao bar pegar algo para bebemos, porém segurei sua mão e disse: Precisamos conversar! Sério! Em outro lugar! Mas Fernando só dizia depois, depois, depois...
Fique na mesa a sua espera e parecia que o tempo não passava, senti algo estranho Luiz Fernando não voltará! Sim! Deixara-me ali, a sua espera e não retornará. Entendi que seu jogo de sedução havia sido completado! Que ódio estava a sentir! Como pude ser tão ingênua, tão infantil em acreditar em todas aquelas palavras e Mauro? Agora tudo estava nítido em minha mente eu não amava, sentia atraída por ele, porque essa era sua função seduzir e abandonar ,o que tinha com Mauro era verdadeiro juro que nunca me senti tão nada, tão objeto. Fernando fez-me sentir a pior mulher do mundo. Naquele momento um ódio irradiava todo meu ser.
Caminhei até o bar, sabia que não vendia bebida para menor de idade então procure alguém que me fornecesse algo bem forte para esquecer aqueles vão momentos. Não muito longe tinha mesa com uns italianos eu acho que estavam a beber tequila, tudo que eu queria, aproxime-me, sorri e quando vi já estava no sétimo copo não sentia mais nada a não ser Augusto me procurando e dizendo;
--- até que fim encontrei estava preocupado. Onde está Fernando?
--- Mais não queria responder, saí da cadeira cambaleando e pus-me a dançar com Augusto que dizia;
--- você estava bebendo? Louca! Não! Loucura deve ter feito Fernando com você, algo aprontou! E agora você não pode chegar em casa assim!
--- olhei para Augusto e dize você está muito chato...
Sair e fui dança com outro e outro e outro...
Até Augusto retira-me dali.
Ficamos sentados na praia e eu repetia cada palavra que Fernando tinha sibilado, Augusto compassivo tentava me consolar. Foi então que não aguentando mais comecei a chorar e ao enxugar minhas lágrimas disse; “parece uma menina de sete anos que perdestes dos pais, não fique a chorar, estais tão linda! Quase não reconheci, uma linda mulher. ”
Não sei dizer o que senti, mas as emoções foram se misturando e novamente eu repeti:
-- já disse que você é meu anjo? Que eu te adoro!
--- Hoje não!!
E segurando seu rosto disse: eu te adoro e em um ato intempestivo beijamos!
Depois disso a minha mente tem alguns flashes, só lembro que acordamos na praia um do lado do outro abraçados. Sentia uma dor de cabeça horrível e sentia um gosto amargo na boca. Resolvi sair à francesa sem incomodá-lo, meus pensamentos estavam turvos e minha linha de raciocínio não era das melhores.

  
Capítulo XII

Na manhã seguinte agi como se nada tivesse acontecido. Se as coisas com Mauro estavam difícil, com Luiz Fernando pior, não poderia perder o carinho sincero de Augusto.
Evitei tomar café da manhã com todos, não estava preparada para olhar para os dois, mas logo fiquei sabendo que Luiz Fernando não estava na casa que tinha viajado na noite passada. Algum problema que ninguém sabia explicar.
Isso era o que faltava para ficar com mais remorso.
Tinha que conversar com Augusto. Tinha que salvar nossa amizade.
No final da tarde fui até a praia da Conceição tentar conversar com Augusto, já sabia seus gostos e como amava surfar, a melhor onda estava ali.
Estava lá, como faz parte da família, lindo como sempre. Veio sorrindo e dizendo;
--não pode viver sem mim. Aposto que estava com saudade, aliás você não disse hoje que me adora, há sobre ontem esquece, porque já esqueci, sei que foi a tequila, mas ainda sim, Luiz Fernando não poderia fazer isso com você.
Olhei fixamente para Augusto e disse: pode respirar um pouco, e sim, te adoro e por isso espero que não me entenda mal. Aquele beijo não deveria ter acontecido, você melhor que ninguém sabe dos meus problemas.
Augusto riu e mudando de assunto disse que amanhã iriamos fazer um passeio que precisávamos liberar endorfina. Iriamos no mirante ver os golfinhos e depois na Baia do Sancho.
No outro dia bem cedo saímos todos a turma toda, fomos até o mirante ver os golfinhos, que para turma estava ótima aventura, entretanto Augusto queria mais e arrastou-me para Baia do Sacho pelo pior caminho.
Fizemos uma escalada a partir da Baía dos Porcos e chegamos na praia que era um espetáculo à parte certamente as praias mais bonitas estão em Noronha.
A praia de águas límpidas e fundo de areia branquíssima era uma das poucas que permite parada para banho, sem causar danos aos corais, que isolava e, limitava a praia por uma falésia acentuada.
Nossa foi perfeito mergulhar naquele mar fez esquecer de tudo, senti que episódio da noite passada não tinha abalado nossa amizade. Perdemos a noção do tempo, conversamos muito e como sempre obras literárias era a pauta da conversa. Eis que surgi a problemática “Capitu traiu Bentinho ou não”? Nossa essa questão é tema para uma tese literária.
 Já estava entardecendo e tínhamos que sair daquele lugar lindo e paradisíaco, porém não dava para escalar os guias tinham ido embora nos dispersamos um pouco do grupo na verdade.
 Naquele momento só tinha uma saída, pela gruta. Via-se que por dentro havia uma escada encravada dentro de uma fenda da rocha, com uma fantástica abertura, com degraus nas pedras. Chegamos uma estreita estrada de terra e com cair do sol a caminhada se tornava escura, pois não havia iluminação nem da lua, nem pública.
Estava exausta, faminta e aflita, pois nessa hora toda deveriam estar preocupados com nós.












Capítulo XIII

Caminhamos por cerca de uma hora. Em nossa frente o mais puro breu. Não sabíamos onde estávamos. Pela primeira vez, vi no olhar do Augusto uma inquietude profunda que oprimia seu coração.
Sentia uma agonia, uma apreensão, caminhávamos a hora, no meio do nada e aquela situação estava se tornando um tormento. Foi quando Augusto parou e disse:
---- Desculpa não vou me perdoar se algo de ruim acontecer conosco e me abraçou longamente, dizendo vamos sair daqui, temos que buscar um lugar seguro para passar a noite, não adianta prosseguir nessa escuridão.
Sentia que a noite ia ganhando corpo e como uma suave melancolia, a brisa do crepúsculo abatíamos sobre nós.
Saímos da estrada de terra, e nos refugiamos em uma árvore à margem da estrada. Augusto trazia consigo uma mochila que tinha quase tudo, menos uma lanterna. Colocamos a toalha no chão e conseguimos fazer uma fogueira, havia encontrado um isqueiro no bolso da mochila e com algumas embalagens e galhos secos conseguimos fazer uma fogueira. Não sabíamos onde estávamos e dependendo do lugar fogueira era proibido, mas era a única solução.
Ficamos ali com frio, com fome, em silêncio, imóvel, um do lado do outro. Augusto tentava sorrir e dizia que teríamos histórias para quatro ou cinco gerações, entretanto em minha mente só pensava na aflição de tia Kar, tia Dulce e minha mãe. Já estava ouvindo os derradeiros adeuses das minhas férias. Partiria no primeiro horário assim que voltássemos.
Tudo me afligia mais e mais, agora a inquietude inexpressiva da minha memória, as horas soando de longe, e só tínhamos a sombra e a penumbra daquela noite.
De repente não muito distante, Luiz Fernando chegava em casa, tia Kar sem querer causar pânico em todos dissera que precisaria conversar.
Tia Kar tinha dito para todos que tínhamos chegados e saídos, mas para Luiz Fernando tinha que contar a verdade, passará cinco longas horas desde que foi em busca de informações e segundo os guias só poderiam ir em nossa busca no outro dia, pois uma tempestade se aproximava e foi nessa hora que tia Kar pediu ajuda de Luiz Fernando.
Fernando desde cedo assumira os negócios da família e a postura de patriarca já que seus pais morreram em um acidente. A hipótese de acontecer algo com seu irmão assombrava muito mais do que aquela tempestade que anunciava alguns na ilha. Sem pensar no risco que essa atitude poderia trazer Fernando partiu em nosso socorro.
Cheiro do mato, uma nevoa fria aproximava e Augusto decidira que era melhor buscar um abrigo com as labaredas da fogueira pusemos a caminhar sem direção e contra os raios que anunciava a tempestade.
Com olhos cerrados para uma direção indefinida Augusto caminhava. Agora só ouvi um silêncio seco que insistia em nos perseguir.
Percebi que no meio das árvores surgia uma luz e mais interessante era que naquela região havia quatro mirantes e que nós só precisamos de um.
Segundo Murphy: “ Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível”. Nunca pensei que fosse vivenciar essa teoria da física que meu professor tanto falava.
Estávamos no meio de uma floresta, os galhos feitos tochas estavam para apagar seguíamos uma luz de uma direção indefinida e para causar um dano maior se é possível Augusto torce o tornozelo no caminho. Tudo aconteceu tão rápido, chuva, trovões, aflição de Augusto com dor. Comecei a gritar por socorro, quem sabe alguém nos ouvisse. Grite o mais alto que pude.