quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Os impulsos das paixões

Capítulo XI


Luiz Fernando estava lá, lindo sentado em uma mesa mais reservada ao me ver levantou e caminhou em minha direção e sussurrou concedi-me essa dança, sendo que já possuía em seus braços. Começamos a dança ele a balbuciar doce palavras.
“Sabia que seus olhos negros dão mais alma, mais luz, do que todas essas tochas espalhadas nesse salão, que nesta noite seu olhar brilha mais que os raios solares. És a mais bela que os meus olhos já avistasse e a mais rara para meu coração, porque seus cabelos são fios de ouro negro e a cor do seu corpo parece um rubor de um belo amanhecer”! Amei tão súbita paixão que, se fora por mim amado e pudesse ser correspondido pediria para beija-la longamente.
Juro que seu modo encantador me desarmou e fiquei vulnerável aos seus encantos como nunca havia ficado e entregue-me ao nosso primeiro e tão aguardado beijo. Beijamos longamente. O doce resfolegar agitava ainda mais um louco desejo ter me nos seus braços. Aquele sorriso cheio de malicia, o encanto do seu perfume, sua pálpebra cerrada no meu olhar tornava-o mais feiticeiro do que nunca.
Quando a música parou, percebemos que estávamos feitos dois bobos no meio do salão saímos a rir da situação. Luiz Fernando disse que iria ao bar pegar algo para bebemos, porém segurei sua mão e disse: Precisamos conversar! Sério! Em outro lugar! Mas Fernando só dizia depois, depois, depois...
Fique na mesa a sua espera e parecia que o tempo não passava, senti algo estranho Luiz Fernando não voltará! Sim! Deixara-me ali, a sua espera e não retornará. Entendi que seu jogo de sedução havia sido completado! Que ódio estava a sentir! Como pude ser tão ingênua, tão infantil em acreditar em todas aquelas palavras e Mauro? Agora tudo estava nítido em minha mente eu não amava, sentia atraída por ele, porque essa era sua função seduzir e abandonar ,o que tinha com Mauro era verdadeiro juro que nunca me senti tão nada, tão objeto. Fernando fez-me sentir a pior mulher do mundo. Naquele momento um ódio irradiava todo meu ser.
Caminhei até o bar, sabia que não vendia bebida para menor de idade então procure alguém que me fornecesse algo bem forte para esquecer aqueles vão momentos. Não muito longe tinha mesa com uns italianos eu acho que estavam a beber tequila, tudo que eu queria, aproxime-me, sorri e quando vi já estava no sétimo copo não sentia mais nada a não ser Augusto me procurando e dizendo;
--- até que fim encontrei estava preocupado. Onde está Fernando?
--- Mais não queria responder, saí da cadeira cambaleando e pus-me a dançar com Augusto que dizia;
--- você estava bebendo? Louca! Não! Loucura deve ter feito Fernando com você, algo aprontou! E agora você não pode chegar em casa assim!
--- olhei para Augusto e dize você está muito chato...
Sair e fui dança com outro e outro e outro...
Até Augusto retira-me dali.
Ficamos sentados na praia e eu repetia cada palavra que Fernando tinha sibilado, Augusto compassivo tentava me consolar. Foi então que não aguentando mais comecei a chorar e ao enxugar minhas lágrimas disse; “parece uma menina de sete anos que perdestes dos pais, não fique a chorar, estais tão linda! Quase não reconheci, uma linda mulher. ”
Não sei dizer o que senti, mas as emoções foram se misturando e novamente eu repeti:
-- já disse que você é meu anjo? Que eu te adoro!
--- Hoje não!!
E segurando seu rosto disse: eu te adoro e em um ato intempestivo beijamos!
Depois disso a minha mente tem alguns flashes, só lembro que acordamos na praia um do lado do outro abraçados. Sentia uma dor de cabeça horrível e sentia um gosto amargo na boca. Resolvi sair à francesa sem incomodá-lo, meus pensamentos estavam turvos e minha linha de raciocínio não era das melhores.

  
Capítulo XII

Na manhã seguinte agi como se nada tivesse acontecido. Se as coisas com Mauro estavam difícil, com Luiz Fernando pior, não poderia perder o carinho sincero de Augusto.
Evitei tomar café da manhã com todos, não estava preparada para olhar para os dois, mas logo fiquei sabendo que Luiz Fernando não estava na casa que tinha viajado na noite passada. Algum problema que ninguém sabia explicar.
Isso era o que faltava para ficar com mais remorso.
Tinha que conversar com Augusto. Tinha que salvar nossa amizade.
No final da tarde fui até a praia da Conceição tentar conversar com Augusto, já sabia seus gostos e como amava surfar, a melhor onda estava ali.
Estava lá, como faz parte da família, lindo como sempre. Veio sorrindo e dizendo;
--não pode viver sem mim. Aposto que estava com saudade, aliás você não disse hoje que me adora, há sobre ontem esquece, porque já esqueci, sei que foi a tequila, mas ainda sim, Luiz Fernando não poderia fazer isso com você.
Olhei fixamente para Augusto e disse: pode respirar um pouco, e sim, te adoro e por isso espero que não me entenda mal. Aquele beijo não deveria ter acontecido, você melhor que ninguém sabe dos meus problemas.
Augusto riu e mudando de assunto disse que amanhã iriamos fazer um passeio que precisávamos liberar endorfina. Iriamos no mirante ver os golfinhos e depois na Baia do Sancho.
No outro dia bem cedo saímos todos a turma toda, fomos até o mirante ver os golfinhos, que para turma estava ótima aventura, entretanto Augusto queria mais e arrastou-me para Baia do Sacho pelo pior caminho.
Fizemos uma escalada a partir da Baía dos Porcos e chegamos na praia que era um espetáculo à parte certamente as praias mais bonitas estão em Noronha.
A praia de águas límpidas e fundo de areia branquíssima era uma das poucas que permite parada para banho, sem causar danos aos corais, que isolava e, limitava a praia por uma falésia acentuada.
Nossa foi perfeito mergulhar naquele mar fez esquecer de tudo, senti que episódio da noite passada não tinha abalado nossa amizade. Perdemos a noção do tempo, conversamos muito e como sempre obras literárias era a pauta da conversa. Eis que surgi a problemática “Capitu traiu Bentinho ou não”? Nossa essa questão é tema para uma tese literária.
 Já estava entardecendo e tínhamos que sair daquele lugar lindo e paradisíaco, porém não dava para escalar os guias tinham ido embora nos dispersamos um pouco do grupo na verdade.
 Naquele momento só tinha uma saída, pela gruta. Via-se que por dentro havia uma escada encravada dentro de uma fenda da rocha, com uma fantástica abertura, com degraus nas pedras. Chegamos uma estreita estrada de terra e com cair do sol a caminhada se tornava escura, pois não havia iluminação nem da lua, nem pública.
Estava exausta, faminta e aflita, pois nessa hora toda deveriam estar preocupados com nós.












Capítulo XIII

Caminhamos por cerca de uma hora. Em nossa frente o mais puro breu. Não sabíamos onde estávamos. Pela primeira vez, vi no olhar do Augusto uma inquietude profunda que oprimia seu coração.
Sentia uma agonia, uma apreensão, caminhávamos a hora, no meio do nada e aquela situação estava se tornando um tormento. Foi quando Augusto parou e disse:
---- Desculpa não vou me perdoar se algo de ruim acontecer conosco e me abraçou longamente, dizendo vamos sair daqui, temos que buscar um lugar seguro para passar a noite, não adianta prosseguir nessa escuridão.
Sentia que a noite ia ganhando corpo e como uma suave melancolia, a brisa do crepúsculo abatíamos sobre nós.
Saímos da estrada de terra, e nos refugiamos em uma árvore à margem da estrada. Augusto trazia consigo uma mochila que tinha quase tudo, menos uma lanterna. Colocamos a toalha no chão e conseguimos fazer uma fogueira, havia encontrado um isqueiro no bolso da mochila e com algumas embalagens e galhos secos conseguimos fazer uma fogueira. Não sabíamos onde estávamos e dependendo do lugar fogueira era proibido, mas era a única solução.
Ficamos ali com frio, com fome, em silêncio, imóvel, um do lado do outro. Augusto tentava sorrir e dizia que teríamos histórias para quatro ou cinco gerações, entretanto em minha mente só pensava na aflição de tia Kar, tia Dulce e minha mãe. Já estava ouvindo os derradeiros adeuses das minhas férias. Partiria no primeiro horário assim que voltássemos.
Tudo me afligia mais e mais, agora a inquietude inexpressiva da minha memória, as horas soando de longe, e só tínhamos a sombra e a penumbra daquela noite.
De repente não muito distante, Luiz Fernando chegava em casa, tia Kar sem querer causar pânico em todos dissera que precisaria conversar.
Tia Kar tinha dito para todos que tínhamos chegados e saídos, mas para Luiz Fernando tinha que contar a verdade, passará cinco longas horas desde que foi em busca de informações e segundo os guias só poderiam ir em nossa busca no outro dia, pois uma tempestade se aproximava e foi nessa hora que tia Kar pediu ajuda de Luiz Fernando.
Fernando desde cedo assumira os negócios da família e a postura de patriarca já que seus pais morreram em um acidente. A hipótese de acontecer algo com seu irmão assombrava muito mais do que aquela tempestade que anunciava alguns na ilha. Sem pensar no risco que essa atitude poderia trazer Fernando partiu em nosso socorro.
Cheiro do mato, uma nevoa fria aproximava e Augusto decidira que era melhor buscar um abrigo com as labaredas da fogueira pusemos a caminhar sem direção e contra os raios que anunciava a tempestade.
Com olhos cerrados para uma direção indefinida Augusto caminhava. Agora só ouvi um silêncio seco que insistia em nos perseguir.
Percebi que no meio das árvores surgia uma luz e mais interessante era que naquela região havia quatro mirantes e que nós só precisamos de um.
Segundo Murphy: “ Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível”. Nunca pensei que fosse vivenciar essa teoria da física que meu professor tanto falava.
Estávamos no meio de uma floresta, os galhos feitos tochas estavam para apagar seguíamos uma luz de uma direção indefinida e para causar um dano maior se é possível Augusto torce o tornozelo no caminho. Tudo aconteceu tão rápido, chuva, trovões, aflição de Augusto com dor. Comecei a gritar por socorro, quem sabe alguém nos ouvisse. Grite o mais alto que pude.


Nenhum comentário: