Luiz
Fernando estava lá, lindo sentado em uma mesa mais reservada ao me ver levantou
e caminhou em minha direção e sussurrou concedi-me essa dança, sendo que já
possuía em seus braços. Começamos a dança ele a balbuciar doce palavras.
“Sabia que seus olhos negros dão
mais alma, mais luz, do que todas essas tochas espalhadas nesse salão, que
nesta noite seu olhar brilha mais que os raios solares. És a mais bela que os
meus olhos já avistasse e a mais rara para meu coração, porque seus cabelos são
fios de ouro negro e a cor do seu corpo parece um rubor de um belo amanhecer”! Amei tão súbita paixão que, se
fora por mim amado e pudesse ser correspondido pediria para beija-la
longamente.
Juro que
seu modo encantador me desarmou e fiquei vulnerável aos seus encantos como
nunca havia ficado e entregue-me ao nosso primeiro e tão aguardado beijo.
Beijamos longamente. O doce resfolegar agitava ainda mais um louco desejo ter
me nos seus braços. Aquele sorriso cheio de malicia, o encanto do seu perfume,
sua pálpebra cerrada no meu olhar tornava-o mais feiticeiro do que nunca.
Quando a
música parou, percebemos que estávamos feitos dois bobos no meio do salão
saímos a rir da situação. Luiz Fernando disse que iria ao bar pegar algo para
bebemos, porém segurei sua mão e disse: Precisamos conversar! Sério! Em outro
lugar! Mas Fernando só dizia depois, depois, depois...
Fique na
mesa a sua espera e parecia que o tempo não passava, senti algo estranho Luiz
Fernando não voltará! Sim! Deixara-me ali, a sua espera e não retornará.
Entendi que seu jogo de sedução havia sido completado! Que ódio estava a
sentir! Como pude ser tão ingênua, tão infantil em acreditar em todas aquelas
palavras e Mauro? Agora tudo estava nítido em minha mente eu não amava, sentia
atraída por ele, porque essa era sua função seduzir e abandonar ,o que tinha
com Mauro era verdadeiro juro que nunca me senti tão nada, tão objeto. Fernando
fez-me sentir a pior mulher do mundo. Naquele momento um ódio irradiava todo
meu ser.
Caminhei
até o bar, sabia que não vendia bebida para menor de idade então procure alguém
que me fornecesse algo bem forte para esquecer aqueles vão momentos. Não muito
longe tinha mesa com uns italianos eu acho que estavam a beber tequila, tudo
que eu queria, aproxime-me, sorri e quando vi já estava no sétimo copo não
sentia mais nada a não ser Augusto me procurando e dizendo;
--- até
que fim encontrei estava preocupado. Onde está Fernando?
--- Mais
não queria responder, saí da cadeira cambaleando e pus-me a dançar com Augusto
que dizia;
--- você
estava bebendo? Louca! Não! Loucura deve ter feito Fernando com você, algo
aprontou! E agora você não pode chegar em casa assim!
--- olhei
para Augusto e dize você está muito chato...
Sair e
fui dança com outro e outro e outro...
Até
Augusto retira-me dali.
Ficamos
sentados na praia e eu repetia cada palavra que Fernando tinha sibilado,
Augusto compassivo tentava me consolar. Foi então que não aguentando mais
comecei a chorar e ao enxugar minhas lágrimas disse; “parece uma menina de sete
anos que perdestes dos pais, não fique a chorar, estais tão linda! Quase não
reconheci, uma linda mulher. ”
Não sei
dizer o que senti, mas as emoções foram se misturando e novamente eu repeti:
-- já
disse que você é meu anjo? Que eu te adoro!
--- Hoje
não!!
E
segurando seu rosto disse: eu te adoro e em um ato intempestivo beijamos!
Depois
disso a minha mente tem alguns flashes, só lembro que acordamos na praia um do
lado do outro abraçados. Sentia uma dor de cabeça horrível e sentia um gosto
amargo na boca. Resolvi sair à francesa sem incomodá-lo, meus pensamentos
estavam turvos e minha linha de raciocínio não era das melhores.
Capítulo XII
Na manhã
seguinte agi como se nada tivesse acontecido. Se as coisas com Mauro estavam
difícil, com Luiz Fernando pior, não poderia perder o carinho sincero de
Augusto.
Evitei
tomar café da manhã com todos, não estava preparada para olhar para os dois,
mas logo fiquei sabendo que Luiz Fernando não estava na casa que tinha viajado
na noite passada. Algum problema que ninguém sabia explicar.
Isso era
o que faltava para ficar com mais remorso.
Tinha que
conversar com Augusto. Tinha que salvar nossa amizade.
No final
da tarde fui até a praia da Conceição tentar conversar com Augusto, já sabia
seus gostos e como amava surfar, a melhor onda estava ali.
Estava
lá, como faz parte da família, lindo como sempre. Veio sorrindo e dizendo;
--não
pode viver sem mim. Aposto que estava com saudade, aliás você não disse hoje
que me adora, há sobre ontem esquece, porque já esqueci, sei que foi a tequila,
mas ainda sim, Luiz Fernando não poderia fazer isso com você.
Olhei
fixamente para Augusto e disse: pode respirar um pouco, e sim, te adoro e por
isso espero que não me entenda mal. Aquele beijo não deveria ter acontecido,
você melhor que ninguém sabe dos meus problemas.
Augusto
riu e mudando de assunto disse que amanhã iriamos fazer um passeio que
precisávamos liberar endorfina. Iriamos no mirante ver os golfinhos e depois na
Baia do Sancho.
No outro
dia bem cedo saímos todos a turma toda, fomos até o mirante ver os golfinhos,
que para turma estava ótima aventura, entretanto Augusto queria mais e
arrastou-me para Baia do Sacho pelo pior caminho.
Fizemos
uma escalada a partir da Baía dos Porcos
e chegamos na praia que era um espetáculo à parte certamente as praias
mais bonitas estão em Noronha.
A praia de
águas límpidas e fundo de areia branquíssima era uma das
poucas que permite parada para banho, sem causar danos aos corais, que isolava
e, limitava a praia por uma falésia acentuada.
Nossa foi perfeito mergulhar naquele mar fez
esquecer de tudo, senti que episódio da noite passada não tinha abalado nossa
amizade. Perdemos a noção do tempo, conversamos muito e como sempre obras
literárias era a pauta da conversa. Eis que surgi a problemática “Capitu traiu
Bentinho ou não”? Nossa essa questão é tema para uma tese literária.
Já estava
entardecendo e tínhamos que sair daquele lugar lindo e paradisíaco, porém não
dava para escalar os guias tinham ido embora nos dispersamos um pouco do grupo
na verdade.
Naquele
momento só tinha uma saída, pela gruta. Via-se que por dentro havia uma escada
encravada dentro de uma fenda da rocha, com uma fantástica abertura, com
degraus nas pedras. Chegamos uma estreita estrada de terra e com cair do sol a
caminhada se tornava escura, pois não havia iluminação nem da lua, nem pública.
Estava exausta, faminta e aflita, pois nessa hora
toda deveriam estar preocupados com nós.
Capítulo XIII
Caminhamos por cerca de uma hora. Em nossa frente o
mais puro breu. Não sabíamos onde estávamos. Pela primeira vez, vi no olhar do
Augusto uma inquietude profunda que oprimia seu coração.
Sentia uma agonia, uma apreensão, caminhávamos a
hora, no meio do nada e aquela situação estava se tornando um tormento. Foi
quando Augusto parou e disse:
---- Desculpa não vou me perdoar se algo de ruim
acontecer conosco e me abraçou longamente, dizendo vamos sair daqui, temos que
buscar um lugar seguro para passar a noite, não adianta prosseguir nessa
escuridão.
Sentia que a noite ia ganhando corpo e como uma
suave melancolia, a brisa do crepúsculo abatíamos sobre nós.
Saímos da estrada de terra, e nos refugiamos em uma
árvore à margem da estrada. Augusto trazia consigo uma mochila que tinha quase
tudo, menos uma lanterna. Colocamos a toalha no chão e conseguimos fazer uma
fogueira, havia encontrado um isqueiro no bolso da mochila e com algumas
embalagens e galhos secos conseguimos fazer uma fogueira. Não sabíamos onde estávamos
e dependendo do lugar fogueira era proibido, mas era a única solução.
Ficamos ali com frio, com fome, em silêncio,
imóvel, um do lado do outro. Augusto tentava sorrir e dizia que teríamos
histórias para quatro ou cinco gerações, entretanto em minha mente só pensava
na aflição de tia Kar, tia Dulce e minha mãe. Já estava ouvindo os derradeiros
adeuses das minhas férias. Partiria no primeiro horário assim que voltássemos.
Tudo me afligia mais e mais, agora a inquietude
inexpressiva da minha memória, as horas soando de longe, e só tínhamos a sombra
e a penumbra daquela noite.
De
repente não muito distante, Luiz Fernando chegava em casa, tia Kar sem querer
causar pânico em todos dissera que precisaria conversar.
Tia
Kar tinha dito para todos que tínhamos chegados e saídos, mas para Luiz
Fernando tinha que contar a verdade, passará cinco longas horas desde que foi
em busca de informações e segundo os guias só poderiam ir em nossa busca no
outro dia, pois uma tempestade se aproximava e foi nessa hora que tia Kar pediu
ajuda de Luiz Fernando.
Fernando
desde cedo assumira os negócios da família e a postura de patriarca já que seus
pais morreram em um acidente. A hipótese de acontecer algo com seu irmão
assombrava muito mais do que aquela tempestade que anunciava alguns na ilha.
Sem pensar no risco que essa atitude poderia trazer Fernando partiu em nosso
socorro.
Cheiro
do mato, uma nevoa fria aproximava e Augusto decidira que era melhor buscar um
abrigo com as labaredas da fogueira pusemos a caminhar sem direção e contra os
raios que anunciava a tempestade.
Com
olhos cerrados para uma direção indefinida Augusto caminhava. Agora só ouvi um
silêncio seco que insistia em nos perseguir.
Percebi
que no meio das árvores surgia uma luz e mais interessante era que naquela
região havia quatro mirantes e que nós só precisamos de um.
Segundo
Murphy: “ Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará
errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano
possível”. Nunca pensei que fosse vivenciar essa teoria da física que meu
professor tanto falava.
Estávamos no meio de uma floresta, os galhos feitos
tochas estavam para apagar seguíamos uma luz de uma direção indefinida e para
causar um dano maior se é possível Augusto torce o tornozelo no caminho. Tudo
aconteceu tão rápido, chuva, trovões, aflição de Augusto com dor. Comecei a
gritar por socorro, quem sabe alguém nos ouvisse. Grite o mais alto que pude.
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