Capítulo XIV
Augusto pediu para deixá-lo ali e ir atrás de
socorro, mas não poderia. Daí distante, porém encontramos um mirante, sair
tirando força da qual nem imaginava para arrastar Augusto até lá.
A situação não melhorava, entretanto não estávamos
perdidos no meio do mato correndo risco de vida. O barulho da chuva o cheiro do
mar desabrochava no velho mirante. Augusto parecia sorrir para disfarçar a dor,
sabia que o que acontecera era bem mais sério do que parecia dizer.
Fernando chegara no Pic do golfinho de Sancho e
tinha duas trilhas para decidir em qual iria seguir. As duas levara ao mirante
diferente, uma a sua esquerda e outra à sua frente. Resolveu seguir em frente e
em poucos quilômetros nos achara.
Quando menos esperava alguém abre a porta gritando.
O susto de ter alguém gritando se misturava com o
alivio de estamos salvos.
O rosto dos dois transluzia algo que não sei
explicar, angústia do irmão se transformando em felicidade era algo admirável
de observar.
--Como você faz isso comigo, quantas vezes já lhe
pedi para parar, porque você tem que viver a vida tão perigosamente. Estou
farto de suas aventuras malucas, não vou viver para sempre. Augusto, Augusto...
-- Irmão, irmão, irmão...
-- O que aconteceu com ele???
-- Acho que desmaiou de dor, acredito que tenha
torcido feio a perna.
--- Como assim e você não fala nada, deixou eu
brigar com meu irmão sofrendo de dor.
--- Você que não parou de falar desde que entrou,
nem perguntou se estávamos bem.
-- Calma tenho uma mochila e uma maleta de
primeiros socorros no carro, temos que levá-lo para hospital.
Concordo, mas...
A terrível chuva fez cair um raio em uma árvore que
caiu próximo do carro e no meio do caminho.
--- Não, não, não, isso não pode estar acontecendo.
--- Calma, tudo vai se resolver, você consegue
tirar as coisas do carro?
--- Sim,
--- Cuidado, por favor, vamos imobilizar a perna do
seu irmão tentar acordá-lo e tudo irá se resolver.
Com todo cuidado enfaixamos a perna do Augusto que
retornou, tinha um analgésico na maleta que tomou para aliviar a dor e
adormeceu.
Passada agonia do momento que parecia uma
eternidade, Luiz Fernando olhou para mim e disse: Como você está? Desculpa??
Entenda meus irmãos é tudo que tenho, são minha única família, enlouqueço com a
ideia de perde-los.
Com desdenho de quem foi abandonada e sem nenhuma
piedade, em um ato brutal respondo; não parece porque quem ama cuida.
Perplexo com
minha resposta, Luiz Fernando se aproxima, erguer minha cabeça com uma altivez
que vem do coração e diz com lábios trêmulo: Você não entende.
Dentro daquele intervalo de tempo um vento
penetrava no mirante que mexia nos seus cabelos molhados e caídos sobre olhos.
Desviei o olhar subitamente e me entrelaçando nos seus braços murmurou:
-- Fico feliz por estar bem, não sei o que faria se
algo acontecesse a ti.
E com toda a carne doendo como se um doce
ácido a percorresse
Instantaneamente,
deslizava sobre mim um martírio de incompreensão, respondi afastando do seu
corpo;
--As pessoas são tão
ridículas! Cansei desse seu joguinho!
Sabe quem é Mauro? Um
futuro namorado que minha família não aceita! Sabe quem é Augusto o meu melhor
amigo? E você quem é? Um estranho que pensa que tem domínio sobre mim.
Percebia que ele se encheu
de uma cólera que o fazia vermelho e tenso, numa comoção quase perigosa.
Chega!! Basta!! Não temos
nada, não quero ser um fantoche em seus braços que você manipula ao seu bem
prazer. Não dá mais!! O que queres de mim?
Como um olhar surpreendido Fernando aproximou e...
Estranha criatura, sensível, orgulhosa, tola,
difícil de não se apaixonar. Seu olhar negro penetrante, essa sua doçura
facial, me faz quere te amar.
Então é isso que pensa de mim???
Chega!!!
Por mais que se percebe em seu olhar uma úmida ternura, tinha raiva por
todo aquele teatro que fizera passar. A sensação se misturava. Mauro dizendo eu
te amo. Augusto murmurando meu nome em seu momento de dor e sono e Fernando
dizendo que estava apaixonado!!
Nunca desejei tanto o
raiar do sol.
Ficamos ali. Cada um em um
canto do mirante velho. Assim que a chuva passou, Luiz Fernando foi em busca de
uma rota de fuga.
Percorremos o caminho de
volta agora um pouco mais longo, já que a árvore nos proibia de seguir reto.
Chegamos no Pic do golfinho Sancho uma espécie de abrigo e ponto de partida
para os passeios turísticos.
Fernando conversou com o
segurança que estava ali que consegui algumas roupas e permitiu que
trocássemos. Saímos em busca do hospital.
Realmente Augusto teve uma
fatura no tornozelo o que impediria de pelas próximas semanas se aventurar.
Chegamos em casa ao
amanhecer, todos dormiram, menos tia Kar, que soltou de alegria ao ver-nos
chegar bem apesar de tudo.
Disse que não contaria nada
do ocorrido para ninguém e que era para disse que Augusto escorregou quando
chegou e Fernando levou para hospital.
Assim aconteceu, ninguém
soubera de nossa aventura, por mais longa que parecesse e por mais curta que
fosse.
Capítulo XV
Era uma linda e calmosa manhã de domingo, já se
passara dez dias nesse paraíso de emoções. Corria um belo tempo; o silêncio monótono
cortava a casa. Fazia um grande calor; o clarão do sol abraseava ,
sentia-se o sol faiscar nas vidraças,
escaldar a pedra da varanda; e Augusto sentia impaciente com aquela situação, o
que parecia estar lhe devorando, pois seus olhos fitava o mar com um desejo
único e maciço de viver.
Tinha que ficar por muito tempo com a perna
mobilizada pois sua torção na verdade rendeu duas faturas no tornozelo que
tivera que operar. Entretanto isso não tirava o sorriso dos lábios.
Sussurrou meu nome, quando passei pela varanda do
seu quarto. Ao chegar na porta, pediu que se aproximasse.
---- Estou com saudades, sinto falta dos nossos
passeios, e conversas, por que se afastastes de mim? Que mal eu fiz a ti? Não
me queres mais como amigo?
--- Não é isso, mas sinto-me responsável, você
melhor que ninguém sabe que somos responsáveis por aquilo que cativamos. Eu ti
cativei, então sou responsável de forma indireta por tudo que ocorreu contigo.
__ Tenho algo importante para falar: sobre aquela
noite!
__ Que noite!? Juramos que não íamos mais falar
daquele fatalismo episódio...
__ Escute!! Tenho algo que preciso dizer, você
precisa saber que naquela noite quando...
Nesse momento como um vendaval Luiz Fernando
adentra no quarto arregaçando as vidraças do quarto, abrindo a porta, desmanchando
a perfeita harmonia e tranquilidade que havia entre nós. Dizendo que naquela
noite recebeu um recado, na qual seu tutor havia falecido e por esse motivo
teve que viajar às pressas e que agora como ele era irmão mais velho teria que
assumir todo negócio da família e advertiu Augusto com palavras insinuantes e
jeitosas, que já era tempo de cuidar da fortuna da família não poderia mais
viver de aventuras, que ele deveria optar por fim nos negócios dos pais.
E saindo do quarto disse que ele e seus irmão
voltariam naquele dia para casa que as férias tinham acabado.
Via uma
transfiguração no semblante de Augusto que pela primeira concordava com o
irmão.
Luiz Fernando chamou as irmãs e Luiz Gustavo
disse que seu tutor falecerá e que todos tinham que votar para casa e que era
hora de arrumar as malas, pois estavam partindo naquela tarde.
Conversando com Tia Kar percebia que estava
transtornado. Disse que ia resolver algo da viajem e pediu que ela fizesse sua
mala.
Naquele momento, despertei do meu sono, o sonho
havia chegado ao fim. Luiz Fernando e Augusto partirá e logo seria eu voltando
para casa. Tudo parecia tão intenso que parecia décadas que estávamos juntos.
Perguntei se Tia Kar não queria ajuda, que pediu
carinhosamente que ajudasse Augusto com as roupas.
Fiquei parada na porta sorrindo...
__ Estou com a perna ferida não as mãos.
__ Desculpa, não queria incomodar!!!
__Espera, pode ser que esse seja o nosso último
momento não posso deixar passar.
Aproximou-se da porta, pegou minha mão pediu para
entrar e fechou a porta.
__ O que tenho para falar é muito importante,
temos que ficar a sós.
Suspirou e olhando-me no fundo da minha alma;
___ Desde que meus olhos pousou sobre ti que vivo
imensamente um grande amor essas duas semanas ao teu lado, sem se quer
suspeitar da minha intensão por algum momento fez me crer que seriamos apenas
amigos, contudo naquela noite um suspiro de esperança voltou a brotar após
aquele beijo. Nos beijamos tão apaixonados, estava tão entregue nos meus braços
que entreguei meu maior patrimônio meu coração.
__Augusto...
__Não fale nada!!! É evidente que meu amor por ti
serás invão, terei de sacrificar esse sentimento se quiser tê-la ao meu lado.
Estou indo, mas isso não será o fim, tenho muito que lutar, agora nada precisa
ter sentido porque você é sopro de vida que ancorou no terreno morto. Há um
abismo de sentimentos que pretendo destruir quando voltar.
Agora saia, não quero ouvir suas proposições, e
lembre-se; sou aquele que prossegue teimosamente em busca desse amor.
Fique tonta com toda aquela declaração, não
esperava, acreditava que era apenas amigos.
Final da tarde se aproximava, era inevitável a
casa ficaria mais vazia sem eles, parecia que as férias tinham chegado ao fim.
Luiz Fernando chegava sorridente, avisando aos
irmãos que encontrou uma pessoa perfeita para ser tutora dos menores, já que
ele e Augusto agora teriam que cuidar dos empreendimentos da família.
Tia Dulce seria a nova tutora e responsável legal
dos seus irmãos que já estava de mala prontas.
Todos prontos, abraços, beijos, lágrimas de
saudades.
Luiz Fernando aproximou-se e com abraço caloroso
disse; quando já tiver partido vai até o pé de cajueiro, lá encontrará uma
caixa, na qual tem algo muito importante para ti.
Assim ao cair da tarde, no interior da casa na
qual reinava puro silêncio e a perfeita tranquilidade, caminhei com moderação
para o quintal. Não se ouvia, nem se divisava nem um som humano, parecia que
todos tinham ido com eles.
Em baixo do viçosos e florido cajueiro
encontrava-se um caixa de presente que continha uma flor e uma carta.
Ao ler a carta por um segundo sentir a vibração
sonora, tom velado e melancólico de Fernando que dizia;
Há esse amor que
enlouquece
Que me dá arrepios
Que me faz suspirar
Embriaga com doces
afetos
Que me faz delirar.
Esse amor que me
sufoca
Prende com olhar
Deixando-me sem saber
o que pensar
Se vai ou não querer
me amar.?
Tomaste como objeto de
puro deleite
Acaricia, com
sentimentos inventados
Impõem sua presença
com olhar
Me abandona querendo
te amar.
Ho! Inquieto amor
porque me tratas assim?
Porque me deixa em
delírios?
Porque roubaste minha
alma?
Tornado escravo na
qual o único caminho é
Te amar!!
Desculpas!!
Essa
carta quebrava o silêncio, parecia que escutava sua vigorosa voz em uma cantiga
pura e suave que fascinava e sufocava meu coração sofredor e minha alma
solitária.
Os
encantos de Fernando pareciam muito mais gentil e singelo, perfeitamente
encantador o seu pedido de desculpas.
Capítulo XVI
No dia seguinte com a partida dos irmãos a casa
acordava triste. As meninas não tinham mais por quem suspirar, nem os meninos. Dos
poucos que habitavam aquele lindo lugar existia alguém que sempre estava à
espreita como uma serpente preste a dá o bote em um dos irmãos. Seu nome era Laura
Beatriz, era sobrinha do marido da tia Dulce. Tinha alma aristocrática, era bem
vaidosa, mas seu maior defeito era sua índole, maldosa e perversa. Todos
sentimos nesses dias o gosto do seu veneno e apesar de sua investida nos irmãos
nenhum caiu em sua teia. Apesar da sua incontestável beleza que em alguns
momentos Luiz Fernando fazia questão de ressaltar.
Foi Laura Beatriz que trouxe a notícia que um
cruzeiro tinha parado na ilha estava recebendo visitação. Foi nesse momento que
a casa acordou realmente e uma festividade instaurava pelos cômodos. Todos estavam
empolgados com a possibilidade de conhecer o cruzeiro. Alguns diziam que
estariam visitando o Titanic.
Subimos os degraus, que conduzia a um grande hotel que se move sobre as águas, no interior, um
mundo de serviços e práticas que deveria ser seguida com rigor.
Tinha mais de 300 metros de comprimento, quase 70 metros de
altura e 40 metros de largura. É um gigante que singra os mares, cheio
de vida.
A
embarcação também conta com programações e opções de lazer para a tripulação
nos horários de descanso. Durante o tempo de vigência do contrato, que dura de
seis a sete meses, os quase 1.300 tripulantes de 35 nacionalidades diferentes
responsáveis pelo funcionamento do navio podem desfrutar de dois bares, uma
área de recreação equipada com TV a cabo, computadores, karaokê, jogos de
mesas, biblioteca interativa, piscina reservada e academia aberta 24 horas por
dia.
Durante o cruzeiro, uma atração diferente a cada dia faz
parte da programação de diversão dos hóspedes. Espetáculos de balé, números
montados especialmente para o cruzeiro por artistas e bailarinos do Cirque du
Soleil, festas e apresentações temáticas comandadas por DJ’s e cantores
nacionais e internacionais — como a noite de gala.
Toda
essa informação foi repassada para os visitantes. Devo confessar que o Titanic
parecia um nada diante do majestoso e imponente MSC Splendida.
Era
tudo tão grandioso que alguns detalhes e fundamental passaram despercebidos.
Vagando
durante a noite pelas águas claras e tranquilas da praia do cachorro na qual o
reflexo da lua prateada se misturava as ondas do mar.
Absolto
com meus pensamentos a declaração de Augusto, a Carta de Fernando, a falta de notícia
de Mauro, tudo deixava meu coração impaciente.
Ao
longe vi um vulto se aproximar, não, não acreditava, não poderia ser, como
assim? Minhas retinas tão fadigadas só poderiam está me pregando uma peça.
Como
assim ele? Não pode ser! Ele está aqui? Como assim? Não, não, não acredito.
Deveria
ser uma ilusão de ótica, um devaneio mental. Não poderia ser ele?